Recursos Humanos
27.4.2023

O que o programa de ensino integral (PEI) pode oferecer aos jovens?

Presente na rede estadual desde 2012, o Programa Ensino Integral (PEI) atua na melhoria da aprendizagem, por meio de um modelo pedagógico...

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Presente na rede estadual desde 2012, o Programa Ensino Integral (PEI) atua na melhoria da aprendizagem, por meio de um modelo pedagógico em que o jovem passa de 7h e 9h na escola, com objetivo de receber práticas de ensino variadas, como tutoria e nivelamento, além de componentes curriculares específicos como orientação de estudos e práticas experimentais.O tema, que está em alta, tem gerado uma discussão generalizada entre educadores e pesquisadores da educação sobre a importância de ampliação do tempo dedicado ao processo de ensino e aprendizagem, e sobre seu impacto na jornada educacional do jovem. Em contrapartida, pouco se fala sobre o público alvo desses programas, e suas necessidades. O que de fato o programa de ensino integral (PEI) pode oferecer aos jovens?Neste ponto, para entender o que pode ser oferecido, precisamos trazer o jovem para o centro desse debate. Afinal, é a forma de educação que ele receberá que está sendo discutida, e para chegarmos a esse ponto é essencial refletirmos sobre algumas questões como: qual o tipo de vida que esse jovem leva? Que tipo de estrutura familiar ele tem? Qual a falta ou a importância que a educação teve na vida dos seus responsáveis? De quem estamos falando?Dados do IBGE mostram que 28,6% dos jovens com idade entre 15 e 17 anos estão fora do ensino médio. Agora, olhando para o mercado de trabalho, o percentual de jovens desempregados é recorde: 41,88% entre indivíduos de 14 a 17 anos. E não temos como falar do desenvolvimento profissional do jovem, sem falar em educação.Esses dados só reforçam como os jovens, principalmente em situação de vulnerabilidade, muitas vezes não têm acesso à educação, quanto mais a uma capacitação profissional. Durante os últimos anos, muitas iniciativas foram criadas com o objetivo de ampliar as possibilidades de capacitação dos jovens vulneráveis, para auxiliá-los na entrada no mundo do trabalho. Apesar desses projetos serem extremamente necessários, e da população estar carente de oportunidades como essas, grande parte deles não tiveram relevância. E por quê?Por um único motivo: a falta de inclusão produtiva. Atualmente, grande parcela da população jovem do país ainda não tem acesso à informação como esperado. Por isso, no balanço final, preparar o jovem para receber essas oportunidades é tão importante quanto criá-las. Se a grande maioria pensasse a partir desse ponto, e conhecessem de fato as necessidades desses jovens, muitas coisas poderiam ser diferentes. Aqui, vale lembrar que para os jovens, o ambiente escolar ainda é o lugar que traz um acesso mais fácil para a informação e oportunidades. Então, para que os projetos desenvolvidos alcancem o nosso público alvo, e sejam vistos como uma ferramenta para mudança, precisamos mostrar a esses jovens que isso existe, e que está ao seu alcance.Claro que, estender o período não é sinônimo de qualidade. A falta de planejamento e infraestrutura da escola para apoiar os alunos além da jornada tradicional de ensino ainda é um grande desafio. Para que as aulas extras do Programa Ensino Integral (PEI) signifiquem ganho de qualidade para o ensino, é necessário que as atividades tenham relação com os conteúdos das outras disciplinas, e ofereçam práticas que irão apoiar os jovens no planejamento e execução do seu Projeto de Vida, visando tanto seu desenvolvimento pessoal, quanto acadêmico e profissional, uma vez que muitos jovens precisam ser apoio de renda em seus lares.Toda essa preparação faz parte de um processo longo e contínuo, mas é apenas por meio dele que conseguiremos transformar a educação para a juventude, da maneira desejada. Sendo assim, precisamos continuar buscando ferramentas e soluções para transformar essa realidade, mas acima de tudo, devemos entender e conhecer as necessidades dos jovens, pois só assim conseguiremos evoluir com a educação.